10.2.12

Incipiens

Brand New Breeze by valse des ombres (dA)

Há algum tempo que a alma outrora turbulenta está calma. Não, calma não... Está apenas adormecida, inerte em uma dimensão onde não há espaço ou tempo. Já não se revolta, não ruge nem parte num ímpeto desmedidamente impensado a quase rasgar sua carcaça portadora. Seu silêncio é obtido a um alto custo. Não há o lado obscuro, não obstante o tédio – não pela falta de alguma tarefa a ser realizada, mas o primal, absoluto tédio de todas – e, sem exceção, todas – as coisas – seja o rei sem súditos neste gélido deserto que se tornou o seu cerne. E, às vezes, ele pensa que a indiferença é o que o move... ou não, sendo indiferente à própria indiferença.

Mas, não é bem assim. Em seu coração, sabe o que o faz se mover. Sabe também que talvez seja a hora de abrir os olhos de sua alma, tornar a enxergar – e sentir – o mundo, os mais sutis e deliciosos pormenores do mundo e expandir sua visão. É o momento para se fazer ouvir, rebentar sua voz como um trovão ruge ao vento a sua imponência. Hora de se libertar, de se abraçar à vida – ao particular sentido que ele dê à sua vida - e, o mais importante, de ser além da existência.